sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O garoto invisível!

Quando eu tinha 13 a 14 anos... eu me sentia um zero à esquerda no colégio em que eu estudava. Sabe aquela coisa de andar no meio de todo mundo e todo mundo passar por você como se você não existisse? AHH eu fui assim... Sempre sonhador e apaixonado... o PLATONISMO e eu caminhávamos lado a lado! Talvez por ser um cara muito solitário e com limitados amigos nessa fase, eu desenvolvi o dom de criar meu universo paralelo.

Nesse universo paralelo eu era o máximo (pelo menos pra mim mesmo) e quando eu caia na real tava lá eu tropeçando na minha timidez e medo de tomar uns cascudos de algum cara maior que eu! Mas eu definitivamente não era um cara popular. Bom, eu era um puta desenhista, mas isso também na época era grande coisa não, eu só servia pra desenhar alguma coisa na capa de algum trabalho de alguém!

Eu vivia com os pés no chão e a cabeça nas nuvens... sempre acompanhado por um amigo ou dois que compartilhavam o mesmo sentimento! Lembro das idas e voltas em que nós, um grupo de quatro moleques, falávamos sobre as garotas mais gatas do colégio. A sexta série era repleta de futuras pretendentes pra nós “los quatro invisíveis!”.

Mas o gostoso de lembrar dessa fase é que eu sempre almejava o impossível. Sonhar com o impossível (principalmente garotas) dava à minha vida uma expectativa tão preciosa para o meu mundinho de segredos! SIM, isso mesmo! SEGREDOS, PORQUE SE EU CONTASSE A ALGUÉM ALÉM DO MEU MELHOR AMIGO SONHADOR, MUITO PROVAVELMENTE CAIRIAM NA RISADA POR DEZ ANOS CONSECUTIVOS!

Eu já me apaixonei tantas vezes que perdi a conta... acreditam que conheci minha esposa amada e amor eterno na quinta série? Fomos da mesma sala! Só que ela passava muito longe da minha lista platônica... talvez até porque nessa época, o coração nem sabia o significado verdadeiro do amor! Ele criava as pessoas como ele queria que fossem e não como verdadeiramente eram... prova disso é que em 90% dos casos, minhas musas nunca souberam da minha paixonite! Se soubessem terminariam comigo!!!

Hoje eu volto no tempo pra sentir de novo aquelas emoções engavetadas no meu coração! Quem não teve sentimentos assim que atire a primeira pedra... mas não em mim!

Enfim, amar é bom! Mesmo sozinho! A gente sofre e se torna um pseudo-boêmio(isso é outra das minhas histórias que contarei num próximo capítulo), a gente chora, acha que o mundo vai acabar... no outro dia, olha dentro de outro par de olhos e a cena se repete em uma nova historia de amor eterno que dura até o próximo ano letivo!

Meio estranho hoje eu encontrar algumas FIGURAS do passado, ex-amigos que hoje nem notam minha presença e pessoas que nunca me enxergavam que me conhecem, mas não me reconhecem! Quem me vê hoje talvez nem saiba que sou eu, aquele com quem conviveram por tanto tempo, escondido por traz desses longos e grisalhos cabelos e por uma também longa barba (rebeldia inesperada daquele ser frágil e tímido). Ainda me lembro de cada um deles... TODOS! Os nomes me fogem à memória às vezes, mas a imagem não, nem tampouco as coisas boas e ruins que tarjam cada pessoa na minha límpida memória!

Para aqueles que não se lembram de mim no passado, pros amores platônicos do passado e principalmente pros meus amigos verdadeiros que sempre me enxergaram em todos os momentos da minha vida...

O GAROTO INVISÍVEL APARECEU!!!

(Marcelo Dinelza)

sábado, 9 de outubro de 2010

PASSADO É PRESENTE!

Hoje eu acordei mais cedo que de costume e sabe aqueles momentos em que você fica olhando pro teto e pensando em nada e tudo ao mesmo tempo? Dentre esses pensamentos viajei no tempo, talvez induzido pela penumbra da manhã ainda nascente, regressei até um tempo em que eu trabalhei em uma padaria.

Eu era balconista durante as tardes semanais após chegar do colégio e aos sábados e domingos eu entregava pão numa daquelas bicicletas cargueiras com um cesto gigante na frente onde se colocavam os pães. Não que eu pense que isso seja antigo demais, e eu sinceramente espero que não seja! Mas com toda certeza esse tipo de trabalho já não é mais tão comum, é uma atividade bem interiorana e sinto falta disso na minha cidade hoje. Eu ralava, na época, ao pensar em ter de levantar as 4 da manha pra entregar pães era o mesmo que imaginar alguém enfiando uma agulha por baixo da sua unha do dedo indicador da mão direita! Mas ao pegar a bicicleta e sair tudo parecia ter ido embora. Sempre entoado por um WALK MAN, a galera de hoje nem saca o que é isso né? Mas se tiver alguém que não sabe, é um TOCA FITAS PORTÁTIL... cara acho que to ficando mesmo velho! Enfim, eu saía todas nas manhas dos sábados e domingos levando o café da manha daqueles que ainda iriam acordar. Era bom, ver o sol nascendo, me gabando de ver o dia acontecer antes de quase todo mundo! Pode parecer um jeito otimista de aceitar o que eu não tinha escolha, mas de fato eu lembro com saudade! MUITA SAUDADE!

Quando eu tinha lá pelos meus oito anos, o que já faz um tempinho considerável, eu ia no “buteco do jussa” na esquina da quadra onde eu morava. Era um boteco desses antigos com balcão onde se vendia tudo e o dono do estabelecimento é quem pegava pra você que só tinha acesso até as limitações do balcão. Eu comprava pão lá... lá tinha um rolo de “papel de pão” escolhia-se o pão que se queria olhando pelo vidro do balcão e o JUSSA era quem o pegava com um pegador de alumínio e o enrolava no papel deixando sobrar sempre as duas extremidades fora do papel. Eu ia beliscando as partes que ficavam descobertas no caminho de casa, (risos) muitas vezes chegava o pão sem miolo e minha mãe ficava muito brava! Eu usava aqueles papeis dos pães pra desenhar!

Vendia-se tudo lá nesse boteco, até corda e fumo de rolo. Os hipermercados dos shoppings de todo Brasil perdiam feio pro JUSSA... encontrava-se de tudo lá... TUDO MESMO!!! Se fudia a tampa da panela da pressão minha mãe logo dizia: VAI LÁ NO JUSSA E BUSCA UMA BORRACHA DE TAMPA DE PANELA DE PRESSÃO NUMERO TAL! E lá ia eu buscar. O Jussa era um mestre em saber onde tava cada coisa ali naquele boteco. Ele dava uma olhadinha na pro lado e já sumia entre as prateleiras daquela bagunça organizada e voltava com a borracha nas mãos e um sorriso no rosto!

Hoje tem esse lance de vigilância sanitária e tals... mas antigamente tinha cada ratão gordo andando nas traves daquele estabelecimento e já eram como da família! Ninguém se importava mais... só o jussa.. que ao vê-los dava um jeito de pegar um pau pra tentar atingir os ratões... eram tão grandes e gordos que os gatos achavam que eram cachorros e fugiam ( zoação), mas daria uma bela duma briga se os gatos fizessem algo além de dormir o dia todo nas sacos de linho amontoados num canto do boteco!
O progresso traz seus privilégios porém eu ainda sinto falta de algumas precariedades do passado, davam mais valor as coisas... Ou o errado sou eu em dar valor demais às coisas do passado!

Sabe? Eu gosto demais de lembrar o passado sinto vontade de falar sobre isso por isso peço licença aos teus olhos pra contar a vocês que me acompanham! OBRIGADO POR CHEGAREM ATÉ ESSA LINHA COM ATENÇÃO E COMPARTILHAR UM POUCO DO QUE SOU!


(MARCELO DINELZA)