quarta-feira, 25 de agosto de 2010

LÁ VEM ELES...

Lá vem eles…

Seres comuns entre si…

Diferentes de mim…

Crucificam…

julgam meus desatinos…

Meus ditos e não ditos…

Alguns me sugam até somente restarem

As sobras de suas lamúrias e desilusões…

Levam o que de melhor há em mim…

Deixam o que de pior há deles impregnados

Em meu próprio cheiro e suas partículas soldadas

No ímã de minha existência…

Ainda continuo atraindo e ainda traindo o meu eu

Em pró de outros que passam a perambular pela minha

Vida como se tivessem passe livre (apesar de não terem)

Intimidade forçada, amizade interessada, raiva e incompreensão

Disfarçadas, trasviadas em bocas que destilam sorrisos…

Venenos injetados sem a dor do trauma de um par de presas

E assim faz de suas presas apenas hospedeiros de sua

Própria infelicidade para ressurgirem das cinzas…

Ainda atraio… lá vem mais e mais deles…

Atraídos por um ser abstrato feliz que encontram em minha fachada

E que porém eu não sou…ou nunca fui…

Lá vem eles…

Cada vez mais…atraídos por um sorriso

Imperfeito, cheio de falhas formadas pela agenesia que me assola…

Lá vem eles… um a um…

Atraídos… prontos a me trair…

Caindo no buraco negro do meu eu interior…

Se perdem, se confundem ao que encontram…

Temem…

Não me reconhecem e nem se reconhecem

Não me compreendem… nem sequer sabem o que dizem…

balbuciam aos cotovelos e não mensuram suas confidencias vazias que vazam aos litros nos furos de seus encanamentos

auto preservativos…

Segredos que pra mim não possuem nenhum valor…

Ouço-os e amanha… nem lembro... ou se lembro vagamente

É porque é tão sujo ou podre que o cheiro perdura nas vias aéreas

De minha memória…

Me sugam então…

Sugam e somem… alguns saem a tempo…

Outros se perdem em mim… pra sempre…

Jogados no vazio do meu nada,

Atirados ao vácuo do meu universo particular…

Lixo espacial… luxuoso infinito que a mim é tão válido

Para o desprezo de tudo aquilo que já não serve mais!

Algum dia hão de passar de novo por minha órbita…

Mas jamais hão de cair em minha atmosfera…

Nenhum meteoro pragmático!

Reverto a gravidade a partir da gravidade de cada fato…

Preservo-me desde então…

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